“Trago essa doçura do nosso amor, e posso dizer-lhe que o grande afeto que te deixo não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas, nem as misteriosas palavras dos véus da alma… Traz-lhe um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias. E na tua ausência, quero que venha encostar tua alma no meu peito. Mas a tua presença é um fustigar-me de prazer. Essa necessidade de abraçar-te num enrolar do teu corpo longo e profundo. Esse desejo que me invade as noites na tua ausência tem muita culpa tua. Resistir-te é algo que não faço a mínima ideia do que seja. Adoro esse poder que tem o teu charme sobre mim. A necessidade de um beijo teu tornou-se permanente, bem como a necessidade do teu corpo. A atração de ti perdeu o seu controle. A loucura passou a ser um estado de espírito entre nós. E o êxtase um estado de perversão saboroso. Quero-te como nunca o desejo ousara tanto. Voo perdida nos teus braços, por lugares felizes que o mundo não conhece e que só nós conhecemos.”
— Vinicius de Moraes